3º Congresso Internacional ABAP (Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas)

CURITIBA – PARANÁ – Setembro 2013
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urante o 3º Congresso Internacional da ABAP, Arquitetura Paisagística Contemporânea, foi realizada a pesquisa  PROJETO CIDADE VIVA.

Em todo o Mundo as dimensões ecológicas, econômicas, sociais, tecnológicas e culturais estão mudando e crescendo em complexidade sem precedentes.

Com a intenção de satisfazer as necessidades básicas humanas de água potável, tratamento de resíduos, energia e alimentos, saúde e bem estar, proporcionar locais agradáveis de viver, atender as necessidades sociais da população, o PROJETO CIDADE VIVA, procura compartilhar projetos, conceitos e experiências na criação de cidades bem sucedidas para o futuro.

Através da Arquitetura Paisagística, uma disciplina que reconhece que a compreensão das dinâmicas da natureza é central para uma prática bem sucedida, tendo a paisagem como objeto de estudo, acredito que podemos conseguir as respostas e inspirações para vencermos esses desafios.

  • Como podemos projetar as cidades do futuro?
  • Como podemos criar modelos urbanos adaptáveis, resistentes e eficientes?
  • Como podemos facilitar e aproveitar o potencial de uma economia verde?
  • Como podemos garantir os direitos oferecidos pela natureza e promover um ambiente mais sustentável?
  • Como podemos tornar as cidades mais habitáveis com uma melhor qualidade de vida?
  • Como podemos melhorar as capacidades e potencialidades da cidadania em nossas paisagens?

Visite o resultado da pesquisa realizada pela plataforma Survio – ABAP – Projeto Paisagem Urbana Viva:

Arquitetura Paisagística Contemporânea

A agradável cidade de Curitiba, no Paraná, foi sede do 3º Congresso Internacional da ABAP (Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas), associação que representa a classe internacionalmente. O evento aconteceu entre os dias 05 e 06 de setembro e reuniu mais de 180 pessoas, entre profissionais e estudantes.

A cidade modelo e inspiradora em inovações urbanas mostrou-se uma anfitriã exemplar, com seus sistemas de parques e áreas livres, sistema de transporte urbano replicado pelo mundo, e exemplo de que é possível planejar nossas cidades para as pessoas em harmonia com a natureza.

Com o tema “Arquitetura Paisagística Contemporânea“, os dois dias de congresso revelaram assuntos como: “a integração do paisagismo ao ambiente urbano, intervenções paisagísticas no ambiente natural, a formação e o papel do arquiteto paisagista, a associação entre o paisagismo e a herança cultural , além da apresentação de projetos e experiências profissionais.”

Procurando tratar da grande interação entre a natureza artificial e o desenvolvimento sustentável da paisagem para obter uma melhor qualidade de vida.

Após a presença virtual da Presidente do IFLA ( International Federation of Landscape Architects) Desiree Martinez, dando as boas vindas e demonstrando a importância do evento no cenário internacional, a abertura do evento foi realizada pela presidente da associação Letícia Peres Antunes Hardt, que de forma acolhedora, destacou a intenção da nova diretoria em promover a profissão e a importância da disciplina nos momentos atuais no desenho das nossas paisagens.

O presidente do CAU/BR Haroldo Pinheiro falou sobre o momento único da profissão do Arquiteto e Urbanista, agora com a criação do colégio que regulamenta a profissão e apoiou a iniciativa da associação na realização do evento.

Martha Fajardo de forma brilhante e inspiradora realizou a abertura do ciclo de palestras, colocando o poder da paisagem como instrumento central para construção das cidades e o direito a paisagem como uma necessidade global.

Procurando atender a solicitação da IFLA na realização de uma convenção internacional da paisagem, apresentou o nascimento da LALI , iniciativa latino americana da paisagem, abordando sua trajetória até os dias de hoje, onde 13 países  das Américas possuem suas Cartas da Paisagem, instrumento utilizado para valorizar o direito a paisagem, educação e pesquisa, saúde e bem estar, identidade cultural e a criação de patrimônios. Além de orientar nos desenhos da paisagem, no urbanismo, na arquitetura paisagística e na proteção da natureza as cartas da paisagem são ferramentas essenciais na criação de projetos integrados, auxiliando nos diálogos entre a população, os governos e a iniciativas privada.

Saide Kahtouni, diretora de relações externas da ABAP, apresentou a carta brasileira da paisagem, desde sua criação em 2010 até os dias de hoje, contemplando doze princípios éticos na busca de “promover o reconhecimento, avaliação, proteção, gestão e planejamento sustentável”.

Mario Schjetnan Garduño arquiteto paisagista mexicano, com o tema “Contemporary Landscapes in latin America”, apresentou de forma simples e brilhante sua visão sobre a profissão. Para garantir sucesso nos projetos devemos, segundo Mario, conhecer a natureza do lugar para definir a anatomia do projeto, ter equipes interdisciplinares, buscar a sustentabilidade, valorizar a história e a cultura local, buscar conceitos de continuidade no urbanismo e na arquitetura da paisagem e ter qualidade no desenho proposto. Além de apontar a gestão política como uma questão preponderante para garantia dos resultados.

A proposta de criação de novos híbridos urbanos foi apresentada através do projeto para o Parque Chalpuco onde uma mistura integral entre o meio ambiente e a ecologia, as infraestruturas hidráulicas e os espaços recreativos, garantiram um espaço metropolitano de qualidade e referência .

A recuperação de espaços públicos com novas formas  de participação foram abordadas no projeto de reabilitação do bosque Chapultepec onde para cada peso doado pela sociedade outro era dado pelo governo, viabilizando a captação de recursos.

As intervenções em áreas pós industrializadas representam novas ações para reciclagem das cidades prova disso foi a realização do projeto para o Parque Bicentenário . O projeto para o parque eco arqueológico de Copalita representa um excelente exemplo de novas formas para recuperar o patrimônio arqueológico e preservar as reservas naturais .

Outra apresentação internacional de destaque foi realizada por Graham Yuong, com o tema “The Changing Nature of landscape Architecture, With Reference to South Africa”.  Um verdadeira aula de conceitos e projetos, demonstrando exemplos de ambientes onde os valores culturais, sociais podem se encontrar com a natureza dos seres humanos.

Após 1994 com o Aparthaide as mudanças estavam em todos lugares e os valores dos espaços públicos ganharam destaque, assim como suas funções, significados e relevância . Segundo Garham a mudança das paisagens deve acompanhar as mudanças da sociedade, suas necessidades e desejos. As paisagens devem ser produtivas, prover água potável, alimento, espaço de vida bem como para a contemplação.

O senso de comunidade pode ser observado no projeto Morokp Mofola Park Precint onde a participação, desde a concepção até a manutenção da área, dos moradores garantem a existência do projeto.

O incentivo a novas tipologias conectando as infra estruturas humanas e ambientais foram destacados também nos trabalhos realizados na universidade de Petrória.

Graham finalizou sua apresentação com o fantástico projeto para o memorial Freedom Park, representando uma conquista e um grande exemplo de trabalho para nossas paisagens. Mais de dois anos de pesquisas e reuniões com as comunidades e entidades religiosas foram  levados antes de qualquer desenho ser realizado e sua realização uma prova de que com o investimento do governo, equipe interdisciplinar e o comprometimento da comunidade, a união entre a cultura, natureza e sociedade é possível e o caminho para o sucesso de nossas paisagens construídas.

Maria Isabel de Campos Duprat com o tema “Jardim: processo de criação e implantação” encantou a todos com a qualidade de seus trabalhos e os belos jardins projetados. Trabalhando em parceria com arquitetos de renome como Bernardes e Jacobsen, Isay Ifeld, Márcio Kogan, Isabel Duprat demonstra o papel do arquiteto paisagista no auxílio da implantação, valorização dos conceitos arquitetônicos, partido de visuais e criação de sensações. Vale o destaque para a qualidade dos acabamentos e as espécies vegetais de grande porte utilizadas, proporcionando uma atmosfera de jardim natural e bem formado desde o início de sua implantação.

Diversos diálogos e sessões técnicas estavam à disposição dos participantes, vale destacar a participação dos representantes dos nove núcleos da ABAP: Luiz Goes Vieira Filho do núcleo de Pernambuco apresentou “RxA ( Recife x Amsterdam): um workshop em arquitetura e Urbanismo”; Barbara Irene Wasinski Prado do núcleo do Maranhão ,“ Estratégias e desafios do planejamento paisagístico das ilhas”; Marieta Cardoso Maciel do núcleo Minas Gerais, “ O valor urbano dos espaços livres públicos; Carlos Fernando de Moura Delphim, valores imponderáveis da paisagem”, Jonathas Magalhães Pereira da Silva do núcleo de São Paulo, “Gestão e paisagem: desafios do contexto brasileiro; Maria Regina Augusta Gravato de Mattos do núcleo do Rio Grande do Sul, “ Impacto na paisagem por intervenções paisagísticas”; César Floriano do núcleo de Santa Catarina, “ Burle Marx jardim como arte pública”, Regina Maura Lopes Couto Cortez, “ requalificação urbanística e paisagística da área central de Campo Grande, MS”, Orlando Busarello do núcleo do Paraná, “ Mobilidade urbana e o projeto da paisagem: experiência profissional”; Paulo Renato Mesquita Pellegrino apresentou “ A arquitetura da paisagem que precisamos”, Benedito Abbud “ Processo Produtivo e tecnológico do projeto paisagístico”, Silvio Soares Macedo, Oscar Bressane completaram o ciclo de palestras.

Como boa anfitriã, agradeço a cidade de Curitiba, inspiradora e encantadora, pronta para receber e sediar eventos e graças ao seu pioneirismo e incentivo nas intervenções urbanas continua a ser um modelo de cidade a ser replicado.

E como disseram a maioria dos palestrantes, “It´s a wonderful time to be a landscape architect “.

 Marcelo Vassalo – Arquiteto Paisagista